A máscara participa de modo particular da história da humanidade. Ora representando deuses ou homens, ora personificando o incognnoscível, ou estando presente nos rituais de iniciação, ela mediou o que se é e o que se busca ser. Ainda hoje ela excerce profundo fascínio sobre nós, não importa a intenção e a função para a qual foi criada. Ao contemplá-la, ela
Há ainda toda uma simbologia quanto a imagem da máscara e ainda que, na maioria das vezes, ela se assemelhe a nós mesmos, pelas suas características identificáveis, pode também gerar uma sensação de desconforto e estranheza, parecendo mais velar do que revelar. Daí o conceito de persona, máscara social com a qual aprendemos a conviver cotidianamente e que também medeia o indivíduo e a sociedade.
Em sua produção artística através da cerâmica, Cléa Espíndola tem realizado um percurso em que o elemento simbólico parece orientar suas escolhas. O que já transparecia nas exposições anteriores, onde enormes calçados de cerâmica surgiam como objetos de fetiche, ou ainda com a série de raízes retorcidas e entrelaçadas, evidencia-se agora nesta série de dezenove máscaras de cerâmica com engobe.
Coincidentemente, parece que a cerâmica, não só pela sua maleabilidade que propicia um mergulho interior, mas porque o barro passa pelo processo de transformação e tem assim algo de iniciático. Como nos fala o escritor português Saramago em seu livro "A Caverna", o forno do ceramista é o "cadinho onde a argila sonha que vai se transformar em diamante".
Jandira Lorens
artista plástica e professora de arte do CEART/UDESC
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